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27 de junho de 2022

Pegada de carbono: qual o impacto sobre nós e no meio ambiente?

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O que é pegada de carbono? Qual o impacto que temos sobre ela? E ela sobre nós? Veja a seguir qual a sua ligação com os gases de efeito estufa, o clima e conheça seu método de cálculo.

Vamos começar com o básico: o que é a pegada de carbono? 

A pegada de carbono mede o impacto das atividades humanas nos gases com efeito estufa (GEE), mas mais especificamente, o dióxido de carbono (CO2) emitido pela combustão de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. O objetivo é produzir e satisfazer todas as nossas necessidades de consumo.

O que são os gases de efeito estufa e as suas emissões?

Primeiramente, o efeito estufa é um mecanismo natural. Ele mantém uma temperatura ideal que permite a vida na Terra. Sem ele, seria comum ter -18 °C em média em nosso planeta! 

Ele se apresenta na forma de camadas de diferentes gases, como vapor de água, dióxido de carbono, metano ou óxido nitroso: os famosos gases do efeito estufa. Eles absorvem um pouco da energia do sol e retardam a perda de calor, como em uma estufa.

Mecanicamente, quanto mais esses gases se concentram na atmosfera, mais quente é na terra. Esse frágil equilíbrio é perturbado pela atividade industrial humana, que emite alguns desses gases em maiores quantidades. 

Em particular, o dióxido de carbono (CO2), cuja concentração aumentou 47% desde o século XVIII, seria responsável por 65% desse efeito estufa adicional feito pelo homem. Esses aumentos nas emissões de gases causam, mecanicamente, o aquecimento global.

Que aumento de temperatura podemos esperar nos próximos anos?

No século XX, o planeta já aqueceu em média 1°C. Até 2040, espera-se um aumento de mais 0,8°C.  De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, a temperatura média na terra ainda pode mudar em 2,6 a 4,8°C ao longo do século XXI. 

Para entender melhor, Dominique Bourg, filósofo da mudança climática, compara a situação à da última era glacial: “Quando não há acidentes, quando passamos de uma era glacial para uma era interglacial, a temperatura média na Terra muda 1°C a cada 1.000 anos. Ascensão que experimentamos em apenas 40 anos, desde a década de 1970 até hoje!

É por isso que, em 2015, o Acordo de Paris, adotado por 222 países na COP21, planeja reduzir nossas emissões de gases de efeito estufa para manter as temperaturas em 2°C, acima dos níveis pré-industriais até 2100. 

Este é um objetivo ambicioso, porém, insuficiente para evitar perturbações muito grandes do nosso ecossistema. Além disso, alguns especialistas preveem esses +2°C já em 2040.

Qual o impacto do aumento do carbono na atmosfera em nossas vidas?

Como nos lembra Dominique Bourg: “Uma variação da temperatura média sobre todo o planeta não tem nada a ver com variações no clima. +2 °C, em média, na terra nos dará temperaturas que podem ser em torno de 50°C […]”

Portanto, não é uma questão de “alguns” graus extras para passar um feriado mais agradável no norte do país. O aumento da temperatura será realmente muito maior, a ponto de mudar drasticamente as condições de vida na Terra e até mesmo torná-las inabitáveis em alguns lugares.

As repercussões deste aquecimento de 1°C já são visíveis em todo o mundo

Incêndios na Austrália e Califórnia, ondas de calor no Canadá, acidificação dos oceanos, submersões marinhas no Japão, recorde de 108 dias sem temperatura negativa no Pic du Midi, chuvas fortes e inundações na Alemanha e Bélgica, biodiversidade em queda livre, – 60% dos vertebrados selvagens em 44 anos, e muito mais.

Essa mudança climática levará, mecanicamente, ao deslocamento populacional. Também intensificará a poluição do nosso ar, tendo um impacto direto na saúde de todos nós.

E do ponto de vista esportivo, quais são as consequências?

Embora o esqui pareça ser o esporte mais diretamente ameaçado pelo aquecimento global, o espectro é realmente muito mais amplo. O aumento do nível do mar e a erosão das praias, por exemplo, tornarão o surfe mais complicado. 

Um esporte tão popular e de fácil acesso como correr, imediatamente se torna difícil de se praticar sob uma temperatura de mais de 30 °C. 

E que tal escalar geleiras? O Mar de Gelo perde 30m de comprimento por ano! O impacto do aquecimento na biodiversidade também tem consequências em nossos hábitos esportivos: caminhadas ou mergulhos terão muito menos atração sem animais e plantas variadas.

Por que medir sua pegada de carbono?

Ao listar as consequências do aquecimento global, entendemos melhor por que é imperativo medir o impacto da atividade humana na concentração desses gases de efeito estufa e, em particular, do CO2.

Essa avaliação possibilita medir as atividades mais poluentes e, portanto, reduzi-las potencialmente. É também por meio dessas avaliações que países e empresas poderão saber se estão cumprindo as ambições de redução que estabeleceram para si mesmos. A responsabilidade por essa contagem também é de todos. 

A atividade industrial é, na realidade, apenas um reflexo de nossas necessidades e nossa forma de consumir. Individualmente, também é possível calcular sua pegada de carbono para determinar os campos domésticos com maior impacto no aumento das emissões de GEE.

Como medir a pegada de carbono?

A pegada e equilíbrio de carbono é expresso em peso, geralmente kg ou toneladas de CO2 emitidos. É bom saber que você pode calcular o impacto do carbono de uma atividade, um produto, uma empresa, um território ou uma pessoa. 

A ideia é somar as diferentes etapas da vida dessas entidades, que provavelmente emitirão CO2. Por exemplo, o consumo de energia, recursos, transporte, compras ou hábitos alimentares para pessoas físicas.

Como calcular sua pegada de carbono?

As taxas médias de emissões de carbono entre as pessoas estão agrupadas em 3 categorias principais, que serão levadas em conta no cálculo. Primeiro, habitação (cerca de 27%), depois transporte (25%) e, finalmente, alimentação (19%). 

O restante do impacto individual do carbono é dividido em outros bens e serviços, a saúde, a educação, os serviços públicos, os equipamentos e o vestuário. 

A boa notícia é que, para descobrir qual é a sua pegada ecológica, existem muitas calculadoras gratuitas online, você pode encontrá-las ao pesquisar por esse nome. 

Qual é a pegada média de carbono de uma pessoa?

De acordo com a calculadora ADEME, a emissão média de CO2 por indivíduo, por ano, é de 11 toneladas. O objetivo, então, seria reduzir essa pegada de carbono para 2 toneladas por cidadão. 

É possível modificar seu impacto quando todos reduzem o uso do carro pessoal, do avião, do consumo de carne vermelha, ou ainda renovando seus equipamentos, somente se necessário. 

Para chegar a 2 toneladas de CO2 por pessoa, devemos ir além: reforma térmica de edifícios, indústria, agricultura e produção de energias menos poluentes.

Como calcular a pegada de carbono de um produto?

Para calcular a pegada de carbono de um produto, Emilie Aubry, Chefe de Questões Climáticas da matriz da DECATHLON, nos convida a observar seu ciclo de vida como um todo:

  • Nascimento do conceito
  • Produção de matérias-primas
  • Produção do produto
  • Transporte
  • Distribuição
  • Uso
  • Fim da vida útil do produto

Se tomarmos o exemplo do ciclo de vida de uma camiseta, será necessário, por exemplo, levar em consideração o consumo de água para cultivar o algodão, a energia necessária para a fiação desse algodão, a tecelagem, seu tingimento, a montagem do tecido, etc. 

Também será necessário considerar a rota que toma no final de seu uso: incineração, reciclagem, etc. Emilie ressalta que “dependendo dos produtos, pode haver muitas sub etapas específicas. O mais complicado é ter dados de fornecedores de Nível 2 e Nível 3.” Ou seja, dos próprios subcontratados dos fabricantes. 

Por isso, para ver com mais clareza, a ADEME propõe diferentes cenários que permitem às empresas formular hipóteses de emissões de CO2 de seus produtos. 

Emilie lembra ainda que “o desafio aqui não é ter os dados mais precisos possíveis sobre o impacto ambiental, mas determinar as atividades que mais emitem CO2 para imaginar soluções de redução”. A etapa de cálculo é, portanto, crucial.

Como calcular a pegada de carbono de uma empresa?

Para as empresas, esse é o mesmo princípio dos produtos. Emilie especifica que “idealmente, analisamos todas as atividades da empresa: se são emissões diretas de CO2 (ou escopo 1), compra de energia (ou escopo 2) e emissões indiretas (as de um fornecedor, por exemplo, um cliente que vai a uma loja, etc., chamado de escopo 3)“. 

Esses 3 escopos são, na verdade, os perímetros em que as empresas dependem para limitar o cálculo de suas emissões. Embora fortemente incentivadas pela ADEME, as empresas atualmente não têm obrigação de calcular o escopo 3 e reduzi-lo.  

Embora essas emissões indiretas sejam, em muitos casos, o perímetro para a maior tonelagem de CO2 de uma atividade. Por outro lado, as empresas dispostas a quantificá-la estão comprometidas ao responder à iniciativa Science Based Target, apoiada em particular pelas Nações Unidas, a fim de limitar seu impacto a 2 ° C. 

Para entender melhor as atividades integradas ao cálculo, vamos dar um exemplo aleatório… a DECATHLON. Aqui, estão as áreas de atuação (todos os escopos combinados) para as quais a empresa relata emissões de CO2:

  • Produção de produtos 
  • Transporte destes produtos
  • Chegada às instalações do cliente no caso de comércio eletrônico
  • Deslocamento dos clientes
  • Movimento de funcionários
  • Armazéns e lojas: resíduos, energia, construção

Enquanto alguns dados podem realmente ser coletados, muitos outros serão baseados em suposições. Por exemplo, podemos fazer uma projeção em torno do movimento dos clientes usando questionários propostos a um painel representativo. 

Existem métodos de cálculo padrão internacionais, como o “Protocolo de Gases do Efeito Estufa” que permite calcular as emissões dos locais, mas também ferramentas como Resource advisor, Metrio, Pace, Glimpact, etc. 

Essas ferramentas possibilitam converter uma unidade – kWh, L, tonelada, kg, etc. – em uma tonelada de emissões de CO2, multiplicando-a por um fator de emissão. Será diferente dependendo do país em causa: o fator de emissão da China, que usa energia a carvão, será maior do que o da França, que usa energia nuclear. 

Assim, ao final do cálculo, os litros de gasolina para rodar os caminhões nas estradas e o kWh de energia foram convertidos em toneladas de CO2. Uma vez estabelecida a principal fonte de emissões de CO2, esse impacto principal pode ser reduzido.

Como reduzir a pegada de carbono?  

Sejam elas pessoais, de um produto ou de uma empresa, nossas pegadas de carbono sendo calculadas, podemos explorar os diferentes caminhos para agir. Há uma urgência, as ações implementadas hoje só terão impacto em 40 anos.

Como reduzir sua pegada de carbono como indivíduo?

Se pegarmos as 3 partes principais da nossa pegada de carbono, o que podemos colocar no lugar?

A Habitação

Para consumir menos eletricidade e menos água, podemos favorecer o eletrodoméstico menos agressivo quando ele não é mais reparável e tornou-se necessário substituí-lo. 

Você também pode reduzir seu consumo de energia graças às lâmpadas de LED, desligando seus dispositivos após o uso ou diminuindo um pouco o aquecimento. Você pode até ir mais longe reformando sua casa. 

O transporte

O carro individual é um fator importante de poluição. Você pode usar a bicicleta, especialmente para viagens inferiores a 5 km, ou o transporte público: trem, metrô, ônibus, carro compartilhado. 

Para grandes distâncias, prefira o trem ao avião. E então, você pode rever o seu padrão de férias de avião: par distâncias bem mais longas, mas uso com menos frequência. 

A alimentação

O que produz muito óxido nitroso e, portanto, muitos GEEs é a produção de produtos de origem animal e, em primeiro lugar, a carne vermelha. Você pode reduzir seu consumo. 

O fato de preferir comida local e sazonal também permitirá a redução do transporte em torno dos produtos consumidos. 

Seja como pessoa física ou como empresa, você também pode optar por aplicações financeiras “mais verdes”. A ideia é evitar a subscrição de produtos financeiros que incentivem produtos fósseis, por exemplo.

Para os produtos

Para reduzir o impacto do carbono dos produtos, aqui estão as ações de redução com alto potencial: 

  • Uma vida útil mais longa favorecendo a segunda mão, em vez da compra ou da nova produção;
  • Dar mais importância à revenda de segunda mão e produtos reciclados;
  • Melhorar as técnicas de produção de materiais;
  • Utilizar a energia renovável na produção e abster-se de recorrer ao carvão; 
  • Fabricar produtos que consomem menos energia.

Para as empresas

Além das ações tomadas em seus produtos, as empresas também podem atuar: 

  • Aumentar a participação das vendas por e-commerce para evitar a movimentação de clientes para a loja. Desde que a energia exigida por data centers e entregas domiciliares represente um menor impacto de carbono, algo não tão simples; 
  • Reduzir a construção de novos locais, mas para favorecer a reutilização de locais existentes.

Como compensar sua pegada de carbono?

Compensar sua pegada de CO2 significa querer compensar seu próprio impacto de carbono investindo em projetos de sequestro de carbono ou trabalhando para reduzir as emissões em geral. Isso pode ser traduzido da seguinte forma:

  • Financiar projetos de reflorestamento e manejo florestal sustentável;
  • Incentivar práticas agrícolas regenerativas; 
  • Investir em startups que trabalham em conceitos inovadores para capturar CO2;
  • Financiar o desenvolvimento de sumidouros de carbono.

O princípio da compensação de carbono

O conceito: damos dinheiro para organizações de quem cobramos pelo plantio de árvores, se tivermos voado um pouco demais neste verão. Convenhamos: o método consiste acima de tudo em aliviar-se da culpa por não mudar seus hábitos. 

A prática chega até mesmo a simplesmente comprar créditos de carbono para os quais realmente não sabemos para que eles serão usados. É, então, útil estudar a certificação desses créditos. Algumas empresas também colocariam muitos orçamentos para apoiar o reflorestamento, na implantação de fornos solares ou no sequestro de carbono em solos.

Isso é louvável, mas segundo Emilie Aubry, “a noção de compensação é enganosa. A compensação não existe. Como empresa, na verdade, contribuímos. Favorecer a compensação em detrimento da redução é, na realidade, a compra de um direito de poluir. Nós sequestramos, quando não conseguimos reduzir.”

Fazemos o equilíbrio (carbono)

A urgência é, portanto, reduzir suas emissões em vez de compensá-las. De qualquer forma, é isso que incentiva a “Iniciativa resultado líquido zero”, liderada pela ADEME e pela Carbone 4 e que também estabeleceu esse objetivo como uma prioridade, da qual as empresas voluntárias comprometidas com a neutralidade de carbono se reuniram.

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