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8 de maio de 2023

O que é o IPBES?

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O que é o IPBES? Essa sigla não significa nada para você? Não é sua culpa: esta organização nascida em 2012 é amplamente desconhecida da maioria. No entanto, assume de forma discreta uma missão absolutamente fundamental, que é sensibilizar e coordenar a ação pública em prol da proteção da biodiversidade. Ou seja, nada menos que promover a vida na Terra!

IPBES em poucas palavras

Criado em 2012 sob a égide da ONU, o IPBES faz pela biodiversidade o que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) faz pelas mudanças climáticas.

Inclusive, entre 2016 e 2019, o IPBES publicou:
– 2 relatórios temáticos, um sobre polinizadores e outro sobre degradação do solo;
– 1 relatório metodológico sobre cenários e modelos;
– 4 relatórios regionais sobre o estado da biodiversidade, nas Américas, África, Ásia-Pacífico e Europa-Ásia Central;
– 1 relatório de avaliação global sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos.

De onde vem o IPBES?

Vamos começar pelo básico: na versão em português, IPBES significa Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.

Nascida há apenas 10 anos, a plataforma responde, na verdade, a uma preocupação bastante antiga, surgida na década de 1970: como limitar os danos causados ​​pela humanidade ao restante da vida na Terra?

Desmatamento, poluição química, concretagem, superexploração. Nossa espécie, de fato, não é gentil com seu meio ambiente. A segunda metade do século XX, em particular, foi marcada por uma terrível aceleração dos ataques à biodiversidade. Gradualmente, algumas vozes se levantaram para defender a causa das plantas, animais e outros seres vivos não humanos ameaçados por nossa hegemonia.

Foi dado o primeiro passo com a Convenção sobre Diversidade Ecológica, tratado internacional assinado no Rio em 1992. Mas ficou a ideia de que era necessária uma organização intergovernamental para lidar com esse tema de forma mais intensa. Este seria o IPBES. Então, a plataforma foi lançada oficialmente em 21 de abril de 2012, reunida por 94 governos, criado sob a égide da ONU, porém, independente dela.

Como funciona o IPBES?

O IPBES se assemelha a muitas organizações intergovernamentais: é organizado em torno de uma estrutura um tanto complexa. Recordemos aqui os dois elementos mais importantes que o compõem:

  • Uma assembleia plenária: é composto por representantes dos Estados-Membros e reúne-se uma vez por ano. É aqui que são tomadas as grandes decisões e onde o trabalho do IPBES é validado antes da sua publicação. Em uma década, a plataforma conseguiu mostrar a que veio e, por isso, cresceu: seus plenários reúnem hoje cerca de 140 Estados (dos 195 do mundo), além de muitos observadores da sociedade civil.
  • Um painel multidisciplinar de especialistas (MEP): essa é a verdadeira razão de ser do IPBES: reunir o melhor da ciência para entender melhor o estado da biodiversidade. Por uma questão de representatividade, a composição desse painel é muito bem definida: cada uma das cinco regiões das Nações Unidas envia cinco cientistas. Portanto, são 25 no total. O trabalho deles? Supervisionar todas as funções técnicas e científicas da plataforma.

Como o próprio nome sugere, o ponto forte deste painel é a sua multidisciplinaridade. Assim, existem: biólogos, botânicos, geógrafos, ambientalistas, cientistas políticos, economistas, agrônomos e antropólogos. Note que este painel é apoiado por dezenas de outros cientistas que contribuem, de forma ad hoc, para os diversos trabalhos da plataforma.

Para que serve o IPBES?

Se tivéssemos que simplificar, poderíamos dizer que sua principal missão é informar e incentivar os tomadores de decisão a agir para preservar a biodiversidade na Terra. Ele faz, assim, a interface entre cientistas e políticos: o IPBES avalia e compila todo o conhecimento científico disponível para melhor transmiti-lo a quem tem condições de agir.

Podemos compará-lo com o IPCC, seu irmão mais velho, que faz praticamente a mesma coisa, mas para o clima. Como ele, o IPBES produz relatórios muito robustos para convencer e alertar sobre a riqueza e a vulnerabilidade da biodiversidade. O IPBES também auxilia os tomadores de decisão que desejam construir políticas públicas favoráveis ​​aos organismos vivos, por meio de orientações sobre ferramentas e metodologias.

Em seu site, a plataforma define assim o seu papel: “fortalecer, por meio da ciência, o conhecimento que servirá de base para a formulação de melhores políticas para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, o bem-estar das pessoas no longo prazo e o desenvolvimento sustentável.”

Por que o IPBES é essencial?

Biodiversidade, ou diversidade biológica, são todos os seres vivos do nosso planeta, incluindo nós. Uma diversidade que – cientificamente comprovado – é necessária para a nossa própria vida na Terra: os insetos polinizam as plantas que nos alimentam, as plantas produzem o oxigênio que respiramos, as bactérias mantêm os solos que cultivamos, e assim por diante. Somos estrutural e diretamente dependentes de milhares de outras espécies ao nosso redor.

No entanto, a biodiversidade está atualmente em muito mau estado. Depois de várias décadas, até entrou em colapso. Isso é o que os cientistas chamam de “a 6ª extinção em massa”. Para apontar alguns números, vamos manter os do Relatório Planeta Vivo da WWF 2020: desde 1970, as populações de vertebrados (mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios) diminuíram 68%. Quanto às espécies de plantas e árvores, 22% delas estão ameaçadas de extinção.

As causas desta tragédia são humanas, recorda a ONG. Isso é:
1. Desmatamento e conversão da natureza em terras agrícolas;
2. Superexploração de florestas e terrenos;
3. Comércio de espécies selvagens.

Quanto às mudanças climáticas, também de origem humana, funcionam como um amplificador desse colapso.

Onde encontrar os relatórios do IPBES e o que eles nos dizem?

O IPBES publica a maior parte de seus trabalhos em seu site. Os relatórios de avaliação, denominados “Assessment Reports”, são os mais conhecidos e os mais lidos. Eles compilam e sintetizam milhares de estudos científicos e conhecimentos nativos, oferecendo uma visão precisa e abrangente das questões da biodiversidade.

O IPBES publicou seu primeiro relatório em 2016. O documento, que trata das questões da polinização, impressionou à época e continua sendo referência na área.

Resultado do trabalho de 77 especialistas internacionais ao longo de dois anos, “polinizadores, polinização e produção de alimentos”, é baseado em 3.000 artigos científicos e conhecimento local, coletados em quase 60 territórios ao redor do mundo.

Entre suas principais mensagens:

  • A polinização animal desempenha um papel vital como um serviço no eco sistema regulador na natureza. Quase 90% das plantas com flores silvestres dependem dele.
  • 5-8% da produção agrícola global, representando um valor de mercado anual de US$ 235 à 577 bilhões, é diretamente atribuída à polinização animal.
  • Produtos alimentares que dependem de polinizadores são importantes contribuintes para dietas humanas saudáveis ​​e boa nutrição.

Desde 2016, o IPBES também publica um relatório temático sobre a degradação do solo, um relatório de avaliação global sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos, ou ainda relatórios regionais.

Em julho de 2022, o IPBES divulgou novas avaliações, incluindo uma de destaque sobre “o uso sustentável da vida selvagem”. Descobrimos que os humanos usam mais de 50.000 espécies selvagens para alimentação, remédios, roupas ou moradia. Para grande parte da humanidade, é até uma questão de sobrevivência: 1 em cada cinco terráqueos depende diretamente de espécies silvestres para viver (renda e alimentação).

Você já conhecia o papel do IPBES? Quer continuar por dentro de mais assuntos como esse? Acompanhe o Portal #SouEsportista!

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